Enquanto praticamente todo o resto do país está a viver um Julho ameno, o Algarve começa a rebentar pelas costuras devido ao calor que ali se tem feito sentir este mês, sobretudo por causa das elevadas temperaturas mínimas que habitualmente ultrapassam os 20 graus à noite. O plano de contingência para responder aos efeitos do calor na saúde já foi activado, foram abertas camas suplementares e diminuidas cirurgias não urgentes, tudo para evitar que haja doentes em macas nas urgências, adianta o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve, Pedro Nunes, ao jornal 'Público'.
São basicamente "idosos desidratados" que vivem sozinhos ou residem em lares que por estes dias têm lotado as urgências do Algarve, descreve. "Não é um calor tórrido mas as noites têm estado muito quentes sobretudo no sotavento algarvio. E são as temperaturas mínimas muito elevadas que contribuem para descompensar doenças dos idosos", explica Pedro Nunes, que nota que as urgências estão já a sofrer "a mesma pressão" que habitualmente sentem no Inverno e "Agosto ainda nem começou". "A crise, que levou à emigração de muitas pessoas, faz com que haja cada vez mais idosos a viver sozinhos", justifica.
O resultado é que, por dia, a procura dos seis serviços de urgência tem superado habitualmente "as 900 mil pessoas", quando, "nos períodos de acalmia, o número ronda os 600 atendimentos diários", compara o médico e administrador hospitalar. Os internamentos também têm estado a aumentar. Se, no mesmo período do ano passado, a média diária de internamentos era 45, este ano ascende a 50, de acordo com os dados fornecidos ao Público.
A maior procura verifica-se na urgência do hospital de Faro, seguida da urgência do hospital de Portimão, mas os serviços de urgência básica de Albufeira, Loulé, Vila Real de Santo António e Lagos também têm contabilizado muitos atendimentos nos últimos dias. Em Albufeira, por exemplo, desde 20 deste mês, a média diária de atendimento é de 145 doentes, quase tantos como os registados na urgência do hospital de Portimão. Os serviços de urgência de Albufeira e de Vila Real de Santo António foram, aliás, reforçados com um terceiro médico, revela.
"A situação está a complicar-se", avisa, enquanto lembra que o Algarve é "uma região bipolar, com dois períodos de crise,o Inverno [devido ao frio e à gripe], e o Verão, quando a população duplica (passa de 700 mil para cerca de 1,5 milhões)" e o calor aperta. Apesar desta sazonalidade, o pessoal "não duplica" no Verão. "Os profissionais são os mesmos e muitos estão a ficar envelhecidos e cansados. Há cirurgiões gerais à beira da exaustão. E por vezes torna-se muito complicado assegurar as escalas das urgências", sintetiza.
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