terça-feira, 8 de setembro de 2015

Mais de 150 táxis protestam contra Uber em Faro

A marcha lenta - que também se realizou nas cidades de Lisboa e do Porto - partiu do Parque das Cidades, junto ao estádio Algarve, cerca das 09:00, e durante aproximadamente duas horas percorreu algumas das principais artérias de Faro, passando também pelo aeroporto local, terminando perto das 11:30 no Largo de São Francisco, na baixa da cidade algarvia.

António Pinto, delegado da ANTRAL em Faro, disse à Lusa que o protesto de hoje foi "bastante positivo" e que "não esperava tanta adesão" para defender os interesses dos taxistas a nível nacional, mas também no Algarve, região onde disse haver "muitas Uber".

"No Algarve, infelizmente temos bastantes Uber, embora não tenham esse nome", afirmou, numa referência às empresas que fazem transferes entre hotéis, campos de golfe e o próprio aeroporto, sem, alegadamente, terem licenciamento para o efeito.

Vital Campos, taxista que trabalha em Loulé, disse à Lusa que "qualquer pessoa que tem um carro particular pode fazer estes transportes" de passageiros e "está a prejudicar quem está legal na atividade".

"Um indivíduo compra uma carrinha e começa a laborar no dia seguinte, enquanto nós temos de tirar licenças", acrescentou, sublinhando que estas carrinhas de transferes fazem concorrência desleal e deixam os taxistas numa situação "cada vez mais complicada".

Apesar de a plataforma eletrónica estar a operar mais em Lisboa e no Porto e "não estar no Algarve", Carlos Pedro, taxista de Portimão, considerou que os profissionais devem, "de qualquer maneira, acautelar essa possibilidade" e posicionar-se "totalmente contra a entrada da Uber a nível nacional".

Carlos Pedro, que é presidente da Rádio Táxis Arade, em Portimão, também considerou que, apesar de a Uber não estar na região, "a proliferação de carrinhas de transportes de passageiros que operam ilegalmente" estão a pôr em causa a "sobrevivência" dos taxistas algarvios.

"Há muitas empresas que fazem transportes ilegais, continuam a fazê-los para tal não estando habilitados, o que provoca sérios riscos e entraves à nossa sobrevivência", afirmou este taxista de Portimão.

Carlos Pedro disse ainda que os profissionais habilitados "estão em situação difícil", porque têm "preços tabelados" pelo Ministério da Economia e não podem ajustá-los para fazer face à concorrência desleal das outras carrinhas de transportes.

Idalécio Guerreiro, taxista de Vilamoura, no concelho de Loulé, frisou que esses concorrentes também não têm a obrigação de fazer inspeções regulares ao veículo como acontece com os táxis, situação que, advertiu, pode até "comprometer a segurança dos passageiros".

"Nós nos táxis, a partir de sete anos [do veículo], temos que passar a inspeção de seis em seis meses. Se comprar um carro novo, no ano seguinte tenho que fazer logo a inspeção, enquanto esses carros particulares, se forem novos, só têm inspeção ao quarto ano e após sete anos só fazem de ano a ano", criticou.

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